História do Ponto Cruz

É muito difícil precisar uma data certa da descoberta do ponto cruz. Registos históricos indicam-nos que na pré-história, os homens das cavernas, já utilizavam este ponto para unir as peles de animais. Os animais caçados eram muito bem aproveitados, para além de servirem de alimento, utilizavam também as suas peles, tripas e ossos. Com os ossos fabricavam agulhas para cozer as peles e utilizam as tripas ou fibras vegetais como linha, formando assim as suas roupas e agasalhos.


Foram também descobertos, durante escavações arqueológicas em túmulos Egípcios, pedaços de linho datados de 5000 a.C. que nos mostram que o ponto cruz servia para cerzir peças de tecido.
Há divergências sobre as origens do ponto cruz, na forma como o conhecemos hoje. Vindo de épocas muito antigas, há quem diga que começou na Idade Média, espalhando-se pela Europa, em particular na Inglaterra, e Estados Unidos.

Os primeiros trabalhos em ponto cruz, encontrados em Inglaterra, datam de meados de 1800 a.C.
Na Inglaterra eram as mulheres e as crianças do sexo feminino que executavam os trabalhos em ponto cruz, não lhes sendo permitido frequentar as escolas, era a partir deste ponto que elas aprendiam as letras do alfabeto, a numeração e as formas geométricas.

Nos trabalhos que faziam, as bordadeiras assinavam o seu nome, data e às vezes a sua idade. Outros dos motivos muito utilizados eram as flores, borboletas e casas.
Esta técnica de bordar, foi passando de geração em geração, até aos nossos dias.

Os motivos foram-se alterando desde a Idade Média até aos nossos dias, foram aparecendo novos desenhos e passaram-se a usar de forma mais criativa novas aplicações para o ponto cruz. Trabalhos como quadros e aplicações em vários objectos passaram a ser utilizados como decoração dos lares.

O ponto cruz é uma actividade relaxante, enquanto é executado a bordadeira pode estar a conversar, ouvir musica e até ver televisão, podendo interromper o trabalho sempre que necessário e retomá-lo dias, semanas ou meses mais tarde.


Idade Média
Os primeiros trabalhos encontrados desta época, dão-nos a informação de que esta técnica era utilizada para distinguir e identificar as roupas dos nobres da sociedade.
Embora ainda muito rudimentar, e com pouca utilização de cor, os desenhos eram inspirados nos brasões de família. Ao ver os desenhos dos tapetes Orientais que os soldados das cruzadas traziam, os nobres senhores encomendavam desenhos semelhantes para as suas vestes.
Só no período do Renascimento é que o ponto de cruz toma a aparência que hoje conhecemos.

Renascimento
É neste período que o ponto cruz se espalha por toda a Europa, sendo que os primeiros esquemas a circular apareceram no ano 1500 d.C.. 
Temas como: decorações florais, animais, monogramas ou abecedários e temas religiosos com muitos símbolos de pombas, cálices e cruzes.

Foi graças à Igreja Católica Romana que o ponto de cruz se tornou mais decorativo. A Igreja encomendava as bordadeiras vários bordados para ornamentos as suas paroquias. Tais pedidos fizeram com que as bordadeiras se tornassem mais criativas, começassem a utilizar novos motivos e criar novos desenhos para bordar.

Era uma tarefa muito difícil visto que os materiais nesta época eram muito rudimentares e existiam poucas cores. Os tecidos onde bordavam, eram maioritariamente, o linho, a seda e a lã, só mais tarde veio a ser utilizado o algodão. A cor de linha mais usada era o vermelho, por ser muito tolerante à lavagem.

Foi por volta de 1653 que a filha do capitão Myles Standish, Loara Standish bordou essa amostra (sampler).
E é nos Estados Unidos, em Plymouth, Massachusetts que podemos encontrar essa primeira amostra de ponto cruz, no museu Pilgrim Hall.

Historic Samplers: Selected from Museums and Historic Homes (With 30 Cross-Stitch Charts for Authentic Reproduction)

O ponto cruz era utilizado para decorar e embelezar peças de tecido e tapetes, que eram bordados só no rebordo para serem usados como peças de decoração.
Um ponto também muito utilizado nos trabalhos de ponto cruz é o ponto linear que é usado para dar destaque e realçar os desenhos.







Materiais
Era em tecido de linho que o ponto de cruz era bordado e com linhas de seda ou lã. Ainda não existia a linha de algodão nem a variedade de cores que hoje em dia podemos adquirir.

Datam do século 16 os primeiros esquemas impressos na Alemanha e em Itália, que foram posteriormente vendidos por toda a Europa. Com o aparecimento destes esquemas o ponto cruz tornou-se num hobby para muitas das mulheres, pois facilitavam muito o trabalho.

O ponto cruz pode ser feito em muitos tipos de tecidos. Por exemplo: cortamos um bocado de tela com os fios bem definidos e colocamos em cima do tecido onde queremos bordar, depois é só bordar seguindo a tela. Devemos apertar mais um pouco o ponto que o habitual, porque depois do trabalho feito vamos desfiar a tela fio a fio, com muito cuidado e fica só o desenho que foi bordado sobre o tecido escolhido.


  • Fios utilizados
O fio utilizado actualmente, é o fio de 100% algodão. Com o aparecimento de novas matérias-primas e pigmentos trazidos do Oriente e das Américas para a Europa surgiram novas cores, possibilitando assim o enriquecimento dos trabalhos.
Existem várias marcas com uma vasta gama de cores, como por exemplo: a Mouliné e a DMC.
Cada meada é composta por 6 fios de 8 metros cada e é trabalhado a 2 fios.

  • Tesoura
Deve ser bem afiada e com lâmina pontiaguda, para cortar bem as pontas das linhas sem as desfiar.


  • Agulhas

As agulhas mais curtas são as mais recomendadas para bordar ponto cruz, pois permitem um melhor aproveitamento da linha.
Se trabalhar em tecido mais fechado deve-se utilizar uma agulha com ponta afiada, caso contrário é preferível uma agulha sem ponta.


  • Bastidores

É muito utilizado em Inglaterra o bastidor de aro mas há quem prefira bordar sem este utensílio, aplicando a técnica de “bordar no dedo”



Tipos de tecido:


  • Etamine este tecido é feito com a mesma quantidade de fios na horizontal e na vertical, facilitando assim à bordadeira a contagem dos pontos porque os fios formam quadrados perfeitos. É recomendado para principiantes.

 
  • Cânhamo
  • Fino os seus fios variam de espessura e a sua quadricula é fechada. É um tecido indicado para trabalhos delicados.
  • Grosso fios de fácil contagem podendo ser usados para trabalhos mais estruturados tais como sacolas, cortinas ou mantas de sofá.


  • Panamá é um tecido parecido ao cânhamo, mas com os fios mais fechados, é também utilizado para fazer cortinas, almofadas e quadros.


  • Linho o linho é usado para trabalhos finos e requintados. A sua quadricula é muito fechada e irregular, trabalha-se no tecido com um fio de linha na agulha.

  • Talagarça plástica muito versátil permite fazer vários trabalhos. Este material é muito moderno e de fácil manuseamento, devido à sua folha de plástica, com uma grade perfurada não deforma. As pontas não se desfiam e não necessita de moldura. É utilizado na confecção de objectos tridimensionais, como caixas, porta lápis ou ainda na confecção de lembranças ou porta copos.